07 novembro, 2013

CLOSE YOUR EYES




Os meus músculos estão profundamente aborrecidos. Os níveis de adrenalina andam baixos e o sedentarismo está a matar-me lentamente. O mau humor e a sonolência facilmente ganham terreno. Estou em modo #cravingPara compensar, deixei de usar elevadores e subo e desco os maravilhosos 10 andares diários com muita felicidade. O meu plano é começar a fazer 100 abdominais de manhã mas confesso que sem o aval do médico não me atrevo a avançar. 

Tenho de ter muita paciência, eu sei. Prefiro recuperar maravilhosamente do que ceder à tentação de calçar os ténis e retroceder a olhos vistos. Logo agora que já consigo usar roupas normais - a perna já não tem complexos de balão. Adeus roupa confortável, olá peças #sexys! As saudades foram muitas!

O que me resta fazer é fechar os olhos e visualizar uma boa de corrida. O momento em que clico no play, desço as escadas a pensar no percurso que me apetece fazer, o som da porta a fechar-se e simplesmente sou livre novamente.  

30 outubro, 2013

HOJE HÁ DIREITO A BRINDES!

É verdade! O blogue ultrapassou as 1000 visualizações! Fui completamente apanhada de surpresa pois tinha deixado de acompanhar as estatísticas há já algum tempo. E, por coincidência, hoje foi também o primeiro dia que deixei as canadianas em casa! 

Confessem lá, merece ou não merece um grande brinde? 

Estou deveras feliz e tenho a agradecer a todos que me acompanham no blogue e também na vida real. Um obrigada muito especial à responsável pelos mimos diários - sim, estou a falar de ti, S. - e ao maravilhoso T. por acreditar num futuro maior que nós. 


OBRIGADA!


22 outubro, 2013

O INESPERADO ACONTECEU

Todos os dias várias pessoas passam por mim e perguntam como estou. O chit chat diário está focado na trombose e tal não me incomoda.  É isso ou falar da chuva. Até por vezes sabe bem ter de responder porque obriga-me a largar o negrume residual que guardo para mim e dar uma resposta mais optimista: "será uma longa recuperação mas estou no bom caminho". Afinal de contas foi isso que todos os médicos me disseram. 

E admito, o negrume alastrou-se nas últimas semanas. A realidade estava a voltar à normalidade e eu continuava assim, de canadianas, cansada, com a barriga cheia de marcas das injecções e sem capacidade de ter vida social. Para não falar da auto-estima com algumas sensibilidades agudas, coloquemos assim. 

" - Uma última pergunta, doutor: quando é que posso deixar as canadianas?  - Se quiser pode começar a tentar já hoje."

O meu queixo caiu. A melhor notícia que me podiam dar tornou-se realidade e hoje à noite, em casa, comecei a dar os meus primeiros passos. Simplesmente não dá para descrever a minha alegria neste momento. Rectifico: pura felicidade. 

Amanhã o chit chat já será bem diferente mas provavelmente sou eu a perguntar se não notam alguma diferença enquanto sorriu de orelha a orelha. Quase merece abrir a porta e libertar um "tcharaaaammm"!



(E sim, o meu "tcharam" será do mítico C.R.E.D.O.! Se não sabem do que falo, deixo aqui um belo exemplo)

14 outubro, 2013

O ROPODIO DAS DROGAS

Esta situação tem uma curva de melhoria só possível pelas injecções diárias. Já me habituei às mesmas e lido bem com a sua existência. O lado chato é que, todas as semanas, tenho de dirigir-me à minha médica de família para que esta me prescreva injecções para os 6 dias seguintes. 

Isto parece simples mas marcar  uma consulta é um processo moroso e as minhas injecções estão esgotadíssimas em todas as farmácias. Logo, para além de estar num rodopio das consultas, tenho que fazer um esforço diplomático e ligar para várias farmácias à procura da droga. Tenho tudo sob controlo e como conheço o sistema, consigo antecipar os passos a dar mas, confesso, tudo isto cansa-me muito. 

O lado bom é que quando começo a trabalhar, tudo isto perde o seu peso e volto a sentir-me útil à sociedade. Dias mais simples me esperam. 

12 outubro, 2013

O NOVO CAPÍTULO

Quando menos se espera, tudo muda. Não foi o universo, não foi o karma, foi simplesmente uma sucessão de acontecimentos lógicos que eu não consegui antecipar.  

Tenho alguns medos mas racionalizo-os de forma a que mereçam ter o peso que devem. Se ultrapassarem a minha compreensão (como quando por exemplo, na passada quarta-feira de trabalho, fiquei  com falta de ar), peço ajuda a quem realmente tem uma solução para me dar. Disse mais uma vez 'olá' ao Santa Maria mas saí de lá descansada e feliz.  

Adapto-me às necessidades, crio soluções práticas. Chegar ao trabalho de canadianas é cansativo? 1. Não sou a única pessoa do mundo a fazê-lo; 2. Crio uma atmosfera agradável: roupa apropriada, telemóvel por perto, uso mochila em vez de mala para ter equilíbrio e oiço um podcast. Os 30 minutos passam de forma mais leve. 

Optimismo baseado em factos reais: a minha perna já não dói e não está assim tão inchada. Honestamente a única coisa  chata desta situação toda são as dores que as canadianas provocam. 

E riu-me. Riu-me com quem está do meu lado que são sempre pessoas cheias de personalidade e com os maiores corações. Gozo, por exemplo, da minha lingerie outono/inverno - umas lindas meias de contenção. 

Não me passo um atestado de incapacitada e chego a ser teimosa. Se há loiça para lavar, lavo. Se há coisas a fazer, faço. Se tenho um trabalho, vou dar o meu melhor. 

Há também os momentos em que me sinto triste e aí não me coíbo. Curto-os até a razão dar-me a grande perspectiva: estou a melhorar e tenho as melhores pessoas do mundo*

Overall, é um mais um capítulo na minha história e episódios como estes só acontecem quando há vida nas veias. 

“To look life in the face, always, to look life in the face, and to know it for what it is... At last, to love it for what it is, and then to put it away.”

Virgínia Woolf 


04 outubro, 2013

A BREAK

Hoje as questões incomodam-me. O cansaço, a frustração das dores e o facto de sentir-me demasiado longe da família não ajudam nada. A ideia de levantar-me para beber água e com isso aumentar o meu nível de dor faz-me ficar sossegada. Prefiro a sede à dor. O corpo precisa de uma pausa, principalmente porque desde as 6h da manhã que estou de um lado para o outro. 

O optimismo e o sentido prático morreram com o despertador e com as contas atingirem os 3 dígitos. Fim-de-semana, vens na altura perfeita. 

DORES NAS MÃOS?

Espera lá, não é suposto as dores serem na perna? Não se é a primeira vez que se usa canadianas. Tal facto era-me desconhecido e abalroou-me totalmente. Ora bolas! Podia ser uma farmácia ambulante e é das mãos que me queixo?! Give me a break, please. 

Agora tenho uma percepção completamente diferente da cidade, penso em coisas que não pensava e um caracol conseguia ultrapassar-me, não demorasse eu 50 minutos a fazer um trajecto que normalmente demoraria uns 5 minutos. É frustrante mas tenho de me adaptar, por isso vou cantarolando até ao meu destino (na tentativa de não ouvir aquela voz que me manda parar por todos os santinhos) e uso o mantra "estás quase lá, tu consegues!" quando estou na rua final. 
 
Olho para os corredores com um olhar bucólico, sim, mas sei que daqui a uns meses estarei de volta. Não com a força de antes mas uma ainda mais sabia. 

Até lá vou tentar fazer as pazes com as minhas canadianas que até são bem giras. Até já foram mimadas pelo sr. segurança do meu prédio com ligaduras para que as mãos não sofram tanto. Pequenos gestos, grandes impactos.